quarta-feira, 3 de julho de 2013

Desenhador do quotidiano ou forma de passar o enfado diário?

Tenho notado de forma bastante nítida, em blogs que contemplam o desenho, nomeadamente os cadernos de artista e em especial os diários gráficos, a preocupação dos seus autores em fazerem referência à produção de desenhos como uma prática contínua e diária, pela simples razão de uma necessidade incontrolável de desenhar, pelo simples prazer, ou pela necessidade em registar e arquivar observações e imagens que se lhes deparam no quotidiano.
Não tenho problemas nenhuns com esta apresentação, ou melhor, esta atitude epistemológica perante o desenho, pois eu mesmo em muitos casos ou situações me apoio nestes pressupostos e vontades. No entanto raras são as vezes em que vejo os autores dizerem que fizeram um desenho porque não tinham mais nada de útil para fazer, ou que estavam à espera do autocarro ou metro ou comboio, ou o que quer que seja, e para passar o tempo, retiraram o caderno da mochila e começaram a desenhar.
No meu caso, noto que muitos, senão a grande maioria dos desenhos que produzo nos meus diversos diários gráficos foi realizado devido ao enfado diário. Quer seja uma aula, ou a espera pelos inconstantes transportes públicos, tenho muitos desenhos de pessoas de costas, que como no meu caso estão sujeitos ao enfado, uns como eu, também desenham para passar o tempo, outros não tendo esse gosto ou capacidade, têm de aguentar como podem.













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